Hipogonadismo – Deficiência de Testosterona

É fato que nos últimos anos houve uma explosão de propagandas e informações sobre este hormônio, muitas delas realizadas tendo os pacientes como público alvo.

Vamos esclarecer alguns pontos: A testosterona é um hormônio muito importante e com função extremamente ampla, tendo ações na modulação do desejo sexual (libido), na ereção, no ganho de massa muscular, perda de gordura (principalmente abdominal), na regulação da glicose, na saúde dos ossos, dentre muitos outros…

Apesar disso, a definição e o diagnóstico de sua deficiência podem ser complexos e exigem cuidado! Muitos sintomas da falta do hormônio podem facilmente ser confundidos com sintomas de stress crônico ou depressão, tão frequentes nos dias atuais.
A falta de informação e os excessos de alguns médicos que prometem milagres criaram um cenário atual em que até 25% dos homens que recebem testosterona não tiveram o diagnóstico feito corretamente e um número ainda maior de pacientes que realmente precisariam de reposição não a recebem.

O diagnóstico rigoroso passa por ao menos dois exames laboratoriais matinais documentando baixo nível sérico (<300ng/dl) ou níveis intermediários (entre 300 e 400ng/dl) na presença de sintomas. Por mais sugestivos que sejam os sintomas, se as medidas laboratoriais são repetidamente acima de 400ng/dl, não adianta insistirmos em reposição. Iniciar a reposição neste cenário trará custos, diversos exames desnecessários e nenhum benefício.

Uma vez definido a necessidade, precisamos escolher a forma de repor a testosterona mais adequada, podendo contar com pílulas que estimulam a produção deste hormônio, cremes, injeções de curta ou longa duração, e até implantes subcutâneos. Esta escolha é dinâmica, depende de algumas características laboratoriais e preferencias do paciente.

E os riscos???
“Ouvi que pode dar câncer de próstata! É verdade, doutor?”

Já está claro na literatura médica que a reposição deste hormônio para níveis normais, que é sempre o objetivo da reposição responsável, não aumenta o risco de Câncer de Próstata.

É muito importante, no entanto, termos certeza de que o paciente que irá começar uma reposição hormonal não tem um Câncer oculto e, portanto, uma avalição criteriosa da próstata é fundamental. Esta pode ser feita com a coleta do PSA sérico, do toque retal, de exames como a ressonância magnética e até de uma biopsia prostática.

E riscos para o coração?

Não é de hoje que sabemos que a testosterona baixa é um fator de risco para morte por eventos cardiovasculares. Mas e a reposição? Aumenta ou diminui essa chance?

Este foi um tópico de grande discussão na literatura, e a resposta não é tão simples.

A verdade é que após os resultados de 3 grandes estudos, o FDA (agencia reguladora americana, equivalente à Anvisa) emitiu um alerta de que a reposição poderia aumentar a chance de infartos. Após uma analise mais profunda percebeu-se uma série de problemas nesses artigos, e um grande esforço científico foi feito para entender ao certo como a reposição hormonal pode influenciar este risco.

Conhecidos como os “T trials “, uma série de estudos bem desenhados foram conduzidos para entender aspectos chaves e controversos da reposição hormonal. No estudo que avaliou o risco cardiovascular, homens com mais de 65 anos com deficiência de testosterona verdadeira e fazendo reposição visando normalização foram seguidos por 1 ano. Não houve um maior número de eventos cardiovasculares, mas viu-se um aumento no volume de uma forma de placa coronariana. O seguimento curto foi um limitante, e o estudo foi de certa forma inconclusivo.

Por isso, o último guideline da sociedade americana de urologia recomenda alguma moderação e precauções. Não podemos hoje definir se a reposição diminui ou aumenta o risco cardiovascular, mas podemos dizer sim que a deficiência é um risco! Este é o tipo de decisão que precisa ser feita caso a caso, discutindo-se com o paciente e envolvendo um cardiologista sempre que preciso.

Estes me parecem os dois riscos mais importantes de serem discutidos, mas alguns outros pontos precisam ser levantados antes do início do tratamento. Discuta com seu médico sobre a necessidade de uso para o resto da vida, sobre a chance de piorar distúrbios do sono, o hematócrito, alterar a capacidade reprodutiva…. Todos estes pontos também merecem atenção antes de se instituir esta terapia.

Formação

Graduado em Medicina, Cirurgia Geral e Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Fellowship em Medicina Sexual pelo Memorial Sloan Kettering Câncer Center - (MSKCC - Nova York - EUA)

Estágio externo na Havard Medical School (Boston - EUA)

Estágio externo na Keck Medical School (Los Angeles - EUA)

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